A Fundação Econo, que objetiva a democratização dos conhecimentos econômicos no Brasil traz mais uma vez um artigo, dessa vez com uma proposta diferente. Visando diversificar os conteúdos produzidos, trouxemos hoje um artigo sobre o impacto econômico consequente da Fuga de Cérebros do Brasil, título de nosso artigo.
A FUGA DE CÉREBROS DO BRASIL
Você provavelmente tem um amigo da escola ou colega de trabalho que sonha incansavelmente com o dia em que deixará o Brasil em busca de um up em sua carreira. Caso contrário, talvez já tenha visto na televisão, internet ou em alguma capa de revista um indivíduo que foi aprovado em universidades e programas no exterior e é visto como uma grande inspiração para os demais. Quiçá você até seja essa pessoa.
A verdade é que isso é um fato mais recorrente do que se pode pensar em nossa nação e não se resume apenas à vida pessoal do cidadão que deseja emigrar. A “fuga de cérebros” é o termo utilizado para se referir ao fenômeno da saída de profissionais com alta qualificação do país (ou sujeitos em potencial) em busca de melhores oportunidades e tem consequências nas esferas tecnológicas, educacionais e, sobretudo, econômicas.
Em 2020, a procura por vistos de trabalho nos Estados Unidos da América chegou a mais de 3,5 mil, sendo o maior patamar em pelo menos dez anos - isso tudo sem considerar os potenciais pesquisadores e trabalhadores que deixam o território brasileiro para começar ou concluir sua educação superior nas terras do hemisfério norte. É evidente que há um vasto interesse por parte de potências ao redor do globo importarem os chamados “cérebros” para que desenvolvam a tecnologia em sua redoma econômica, contribuindo para a manutenção da Divisão Internacional do Trabalho (DIT) ainda no século XXI.
Mas por que o extenso desejo de deixar o Brasil?
A melhor qualidade de vida e condições de trabalho, os incentivos à pesquisa e a alta remuneração são algumas das principais possibilidades no mercado internacional. Além disso, os cortes no setor acadêmico e científico, a falta de emprego e a dificuldade de inserção na iniciativa privada que ocorrem no país contribuem para tamanha diáspora. Segundo um estudo do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), um em cada quatro PhDs no Brasil está desempregado, o que corrobora para as preocupações elencadas.
Em segunda análise, a realidade dos profissionais formados nas instituições de ensino superior no Brasil, especialmente públicas, é de baixa adesão ao setor produtivo após sua formação, isto é, a iniciativa privada. A grande maioria dos cursos de pós-graduação são puramente acadêmicos e não fornecem orientação para seus discentes se introduzirem no mercado. Há, efetivamente, um processo de formação de professores e academicistas em massa.
Quais as consequências?
Primeiramente, é bastante claro a prejudicialidade de se exportar grandes cérebros, uma vez que a própria Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estabelece um certo parâmetro para o percentual de doutores esperados em meio às populações - estando o Brasil abaixo dele. Outrossim, é válido citar a evasão de conhecimento altamente especializado construído com recursos públicos, favorecendo o apagão científico e acarretando em rombos nos cofres federais.
Em segundo lugar, sem incentivos e com ciência de “baixa qualidade”, a nação brasileira permanece dependente do mercado externo e de multinacionais nos setores de tecnologia, ciência e cultura, mesmo possuindo o potencial para finalizar este ciclo. Além disso, não há uma renovação de professores no ensino superior, também ocasionando problemas na esfera de educação.
Em resumo, esse fenômeno sustenta a desvalorização de nossa economia e impossibilita o crescimento em áreas de interesse mundial. No entanto, apesar da gravidade observada na situação, não é demonstrada preocupação por parte dos governantes e políticos do país em transformar tal realidade. O que nos resta, então, é lamentar a saída de mentes brilhantes enquanto torcemos para o sucesso delas além de nossas fronteiras.
Após a leitura deste artigo, feito com muita dedicação e pesquisa para proporcionar o melhor conteúdo possível aos senhores, a secretaria acadêmica da Fundação Econo espera que nossos leitores e delegados encontrem as informações que auxiliam na compreensão de alguns impactos econômicos de decisões pessoais e governamentais. Caso alguma dúvida ainda tenha restado, não hesite em entrar em contato conosco através de nossas redes sociais, sendo a melhor plataforma para tal o Instagram (@economun.oficial).
Autoria de: Nathalie Arruda Milbradt, coordenadora acadêmica
Quer referenciar este artigo? Segue o modelo:
MILBRADT, Nathalie. A Fuga de Cérebros do Brasil. Fundação Econo, 2021. Disponível em: <https://sites.google.com/view/fundaoecono/blog-e-artigos/a-fuga-de-c%C3%A9rebros-no-brasil>.
REFERÊNCIAS
FOLHA PRESS. Fuga de cérebros salta 40% sob governo Bolsonaro: Cerca de 3,3 mil profissionais buscaram visto preferencial para os EUA em 2020, maior número em dez anos. O Tempo, 9 jun. 2021. Disponível em: https://www.otempo.com.br/economia/fuga-de-cerebros-salta-40-sob-governo-bolsonaro-1.2496658. Acesso em: 21 jul. 2021.
DA SILVEIRA, Evanildo. Fuga de cérebros: os doutores que preferiram deixar o Brasil para continuar pesquisas em outro país. BBC News Brasil, 18 jan. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-51110626. Acesso em: 21 jul. 2021.
FREITAS BORGES, Paulo Adriano. Fui enganado pelo meu orientador. LinkedIn, 10 jun. 2021. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/fui-enganado-pelo-meu-orientador-paulo-adriano-freitas-borges/. Acesso em: 21 jul. 2021.