No século XXI, a economia sofreu e vem sofrendo mudanças e instabilidades, também consequências da pandemia do COVID-19. Tendo isso em vista, este artigo da Fundação Econo possibilitará aos leitores o entendimento da origem do desenvolvimento comercial na Idade Média, base para a compreensão da atual economia.
A Idade Média foi um período de suma importância para a construção do capitalismo. Ela ocorreu entre os séculos V e XV, verificando-se o surgimento, o ápice e o decaimento do feudalismo. Este foi um sistema socioeconômico estruturado por dois laços de interdependência pessoal: o de vassalagem e o de servidão, os quais serão abordados a seguir.
O feudalismo tradicional ocorreu no ocidente da Europa, tendo se iniciado com a segunda leva de invasões germânicas ao Império Romano do Ocidente, marcando o seu declínio. A partir de então, iam se formando os laços de interdependência. O laço de vassalagem estruturava-se entre nobres, no qual um era vassalo do outro, jurando-lhe fidelidade e prestação de serviços. O laço de servidão, por sua vez, estruturava-se entre um senhor e um servo – este que realizava trabalhos diversos vinculados à terra do nobre, diferenciando-se do escravo por receber parte de sua produção e por não ter a sua “venda” permitida.
Desenvolvimento e Feudalismo
Introduzido-se as principais características feudais, é necessário compreender como a economia foi se configurando, com o passar dos séculos. Durante a Baixa Idade Média, que se deu nos séculos XI ao XIII, o feudalismo se desenvolveu e atingiu o seu ápice. Tal desenvolvimento ocorreu graças ao êxodo rural, provocado pela superpopulação do campo, motivada por quatro fatores: a invenção da charrua - instrumento de arado; a utilização de cavalo - para movimentar a charrua; o atrelamento do cavalo ao dorso, não mais ao pescoço - evitando a morte do cavalo por sufocamento; e a rotação trienal de culturas - combatendo o esgotamento mineral do solo.
A partir de tais fatores, houve uma grande produção alimentícia, diminuindo a taxa de mortalidade por fome. Por conseguinte, aumentou-se a população do campo, incentivando o deslocamento do meio rural ao urbano. Assim, surgiu a economia de mercado nas cidades, que se tornaram, além de centros administrativos, militares e religiosos, centros comerciais.
Nesse contexto, surgiram os camponeses que passaram a viver entre os muros das cidades - burgos - , os burgueses. Assim sendo, passou-se a ter três tipos de burguesia: a mercantil, a manufatureira e a construtora. Os comerciantes, burgueses mercantis, foram os que mais cresceram nesse período, vendendo e revendendo produtos dos manufatureiros. Posteriormente, com os fluxos comerciais, surgiu a burguesia financeira, também essencial para o fortalecimento econômico no feudalismo.
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Queda do feudalismo
A crise do feudalismo, que evoluiria em seu declínio, começou a partir do século XII, quando iniciou-se modificações no estilo de vida europeu, colocando as estruturas e as características do feudalismo de lado. Após anos de abandono, desde o período das invasões bárbaras, as cidades ressurgiram. O ano 1000, comumente conhecido como o "ano da paz de Deus", teve um aumento populacional, pois, entre outros, houve muito menos batalhas medievais. Dessarte, à medida que a população crescia, a produção agrícola também aumentava, exigindo um maior trabalho dos servos e a aplicação de métodos mais sofisticados para atender à demanda.
Seguindo as modificações dos hábitos, o comércio ia ressurgindo na sociedade após um extenso período do predomínio das atividades agrícolas. As famosas Cruzadas, que anteriormente tinham um caráter religioso, passaram a ser utilizadas para a compra e a importação de produtos orientais. Rotas comerciais foram surgindo e o modo de consumo foi mudando e se adaptando a essa nova onda comercial. A partir da comercialização desses produtos e dessas mercadorias, a burguesia mercantil enriqueceu e começou a formar as feiras, ao redor dos feudos. Nessas feiras ocorriam a transação e as negociações dos produtos, contribuindo para a retomada da circulação das moedas na Europa.
Ademais, a peste negra, uma doença altamente contagiosa, que infestou a Europa e matou 1⁄3 da população, foi um ponto importante para que os camponeses e os servos se revoltassem e decidissem sair dos feudos, de modo a se mudarem para as cidades e se desligarem ao apego gerado pela terra. Com isso, os reis começaram a ganhar força a partir de batalhas e guerras, adquirindo hábitos absolutistas, fortalecendo a monarquia e iniciando uma dominação dentro de seus reinos, colocando um fim à era feudal.
Este artigo foi redigido objetivando possibilitar uma maior compreensão acerca das origens do atual modelo econômico. A secretaria acadêmica da Fundação Econo espera que os senhores tenham encontrado um material didático e informativo, que lhes tenha permitido conhecer um pouco mais sobre a economia do mundo medieval, bem como sobre sua importância para a História. A fim de sanar eventuais dúvidas, encorajamos os senhores a nos contatar pelo Instagram (@economum.oficial).
Autoria de: Luana Rosa Fonseca Costa, Staff Acadêmica da Fundação Econo, e Rayane Stéfany Coelho Rodrigues, Secretaria Acadêmica da Fundação Econo.
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COSTA, Luana Rosa Fonseca, RODRIGUES, Rayane Stéfany Coelho. Idade Média: uma base para o atual desenvolvimento econômico. Fundação Econo, 2023. Disponível em: <https://sites.google.com/view/fundaoecono/blog-e-artigos>.
Referências
KATIANO, Renato et al, A CRISE ESTRUTURAL DO FEUDALISMO E A FORMAÇÃO DO CAPITALISMO, [s.l.: s.n.], 2017.
RAMOS, Jefferson Evandro Machado. Baixa Idade Média e suas características. Disponível em: <https://m.suapesquisa.com/idademedia/baixa_idade_media.htm>. Acesso em: 31 jul. 2022.
SILVA, Daniel Neves. Idade Média. Disponível em: <https://m.historiadomundo.com.br/idade-media>. Acesso em: 31 jul. 2022.